segunda-feira, 16 de junho de 2008

Jim Clark – o maior nome do automobilismo dos anos 60

Por Renata Brazil e Gustavo Medeiros (Editoria de Esportes)

Na década de 60 o mundo conheceu James Clark Jr., Jim Clark, um dos grandes nomes que o automobilismo já viu.

Jim Clark

Nascido em 04 de março de 1936, em Kilmany, Escócia, já aos 15 anos, mesmo contra a vontade dos pais, se interessou por velocidade. Ainda aos 17 participou de alguns rallys e competições menores e mais tarde, em 1956, aos 20 anos, deu entrada oficialmente na sua carreira automobilística participando de competições regularmente, tendo em junho desse ano participado de sua primeira corrida pilotando um DKW. Clark correu por 2 anos na equipe local, Border Reivers, tendo vencido 18 vezes, correndo com Jaguar D-types e Porsches em eventos nacionais. Ainda nesse ano, conheceu o homem que o tornaria um grande nome do automobilismo: Colin Chapman, dono da Lotus.

Jim Clark pilotando seu Lotus

No comando de uma Lotus Elite, Clark terminou o campeonato em segundo lugar, o que muito impressionou Chapman, que o convidou para pilotar um de seus carros na Fórmula Junior (equivalente à Fórmula 3 hoje). Com a mesma Lotus Elite, em 1959 foi campeão da sua categoria. Em 1960, venceu dois campeonatos da Formula Junior e corria simultaneamente pelas Fórmulas 2 e 1.

Sua estréia oficial na Fórmula 1 aconteceu em 1960 no Grande Prêmio da Holanda, tendo abandonado a prova por problemas na transmissão do carro e terminado a corrida na 42ª posição. Já em 1961, no mesmo GP da Holanda, Clark disputou o segundo lugar com Phil Hill, piloto da Ferrari, tendo impressionado a todos por conta de estar pilotando um carro muito inferior ao de Hill. Ainda assim, terminou a corrida em 3º lugar e correu a volta mais rápida da corrida. Porém, na corrida seguinte, em Monza, envolveu-se em um acidente que ocasionou a morte de um companheiro. Clark não havia conseguido se classificar para o GP de Monza do ano anterior e seria sua primeira corrida no circuito. Porém, logo após a largada, na segunda volta, foi atingido por trás por Wolfgang Von Trips, então líder do campeonato e pole position nesta largada, que com o choque saiu da pista e atropelou os espectadores, tendo ocasionado no total 15 mortes, a sua própria e a de 14 espectadores. Até o fim de sua vida, Clark foi apontado como o grande culpado desse acidente fatal, apesar de ter sempre sabido que a culpa do acidente foi do alemão que, após uma largada ruim na pole, na tentativa desesperada de se recuperar, colocou sua vida em risco.

No ano seguinte, houve a estréia da Lotus 25 que, apesar de pouco testado, mostrou competitividade com Clark em seu comando, mesmo com os problemas de embreagem. Na última corrida da temporada, Clark necessitava somente da vitória par sagra-se campeão mundial pela primeira vez, porém um vazamento de óleo adiou o sonho para o ano seguinte.

O primeiro título

Em 1963, Jim Clark tornou-se o mais jovem campeão da Fórmula 1 da história, sendo posteriormente superado por Emerson Fittipaldi somente em 1972 e por Fernando Alonso em 2005. O espanto geral foi ver que o jovem piloto em dez provas, ganhou e fez a pole position em 7 delas, fora o feito de ter tido 6 das voltas mais rápidas da temporada. Na época, o piloto acumulou 73 pontos, equivalentes a 54 pontos hoje.

Quem vê os números, simplesmente diria que a Lotus tinha um carro astronômico. Porém, a máquina era apenas um pouco melhor que as da concorrência, formada principalmente por BRM e Ferrari. O que fazia de fato a diferença era o braço do piloto escocês.

Em 1964, esperava-se que o ano fosse tão proveitoso para Clark quanto o ano anterior, porém não foi o que aconteceu. Apesar de ter iniciado bem a temporada, Chapman decidiu pôr na pista seu modelo novo, o Lotus 33, o que Clark julgou ser prematuro já que o carro ainda estava em período de testes. Devido a uma sucessão de acontecimentos infelizes, o piloto se via sempre à margem das vitórias nas provas. Até o fim da temporada, Clark não encontrou a sorte e no México, última corrida da temporada, devido a um problema na bomba de óleo do seu carro, Clark viu John Surtees ser campeão naquele ano, tendo sido campeão também nas motos, feito jamais repetido até hoje. Porém, o resto daquele ano não foi de se jogar fora. Jim foi pole em Indianápolis e só não venceu por causa de problemas na suspensão. Mas ele venceu o BTCC (Campeonato Britânico de Carros de Turismo) e no fim daquele ano recebeu a Ordem do Império Britânico das mãos da Rainha Elizabeth II.

Passou o espetacular ano de 1965, onde Jim ganhou a Copa da Tasmânia, a F2 francesa, eventos como o Tourist Trophy, a Corrida dos Campeões, as 200 Milhas de Riverside, 6 das 9 provas de F1 disputadas, sendo assim bi-campeão mundial de Fórmula 1 e ainda foi capa da influente revista “Time”, sendo um dos únicos esportistas que obteve tal feito.

Em 1966, mudaram as regras da F1 e os carros teriam tanques de 3L, porém a Lotus não conseguiu fazer um carro à altura do seu piloto espetacular. Clark sofreu dois acidentes, mas que não o impediram de continuar, nada poderia deter o então chamado “escocês voador”.

Em 1967, Jim promoveu uma verdadeira revolução no automobilismo mundial. Iniciou a temporada com mais um título na Copa da Tasmânia e 5 vitórias e 3 segundos lugares nas 8 provas disputadas a bordo de seu Lotus 33. Na Holanda houve a estréia de seu novo carro, o Lotus 49, equipado com um motor Ford desenvolvido pela Cosworth. Naquele dia a F1 entrava numa revolução, uma mudança em sua história que nem mesmo o espetacular Jim Clark poderia prever. De um oitavo lugar no treino classificatório, Jim fez uma corrida de recuperação espetacular na estréia da parceria. Problemas de desenvolvimento impediram Jim de conquistar seu terceiro título nesse ano e os maiores especialistas diziam que este feito viria no ano seguinte, 1968, porém o destino não quis que as coisas acontecessem dessa forma.

A comemoração de uma vitória em Indianápolis

O ano em que o sonho acabou

Em 1968, o ano já começou com os motores a todo vapor. Sem ter tempo para se recuperar das festas de final de ano, o mundo automobilismo teve seu primeiro Grande Prêmio do ano em 1º de janeiro no circuito de Kyalami, na África do Sul.

Nos treinos, Jim saiu-se melhor que os demais concorrentes e largou na pole, tendo mantido a posição até o final das 76 voltas que constituíam a prova. Naquele início de temporada todos podiam ver que o ajuste do modelo 49 da Lotus e o brilhantismo de Clark tornariam a temporada um agradável passeio para a equipe e seu piloto que facilmente poderia conquistar o título daquele ano, o terceiro de sua carreira.

Diante do brilhantismo de Clark, não havia um apaixonado ou conhecedor do automobilismo que negasse o título de Clark naquele ano. Porém, em 7 de abril de 68, Clark teve que participar do GP da Alemanha de Fórmula 2, por questões contratuais com a Firestone, fornecedora de pneus. Na sétima volta, já na sexta posição devido a problemas com o carro, Jim Clark perdeu o controle da máquina e chocou-se com uma árvore. Sua morte foi instantânea. A causa até hoje não é sabida, porém especialistas dizem que por conta de um pneu traseiro vazio o mundo perdeu um dos maiores pilotos que a história já viu. O campeonato daquele ano foi vencido por Graham Hill. Mais um era tinha chegado ao fim.

Jim Clark revolucionou o automobilismo por conta de sua habilidade e espírito competitivo. Com seu patrão, Colin Chapman, a quem foi fiel até o fim de sua vida, estabeleceu uma parceria de sucesso: um projetava, o outro tornava o projeto espetacular. Seus recordes foram batidos longos anos depois por pilotos incríveis como Ayrton Senna, Alain Prost e Michael Schumacher.

Um comentário:

Anônimo disse...

BRILHANTE.