por Thatyana Freitas (Editoria de Política)
1968 – O Brasil vive momentos de violenta repressão imposta pelo regime militar autoritário. Apesar disso, o movimento estudantil se intensifica e realiza uma série de manifestações de contestação à Ditadura e à política educacional da época. A maior e mais importante manifestação comandada pelos estudantes ficou conhecida como a Passeata dos Cem Mil.
Este momento marcante da história do Brasil aconteceu no dia 26 de junho daquele ano, quando estudantes, intelectuais, artistas, religiosos e representantes da população carioca, num total de 100 mil manifestantes, reuniram-se no centro da cidade do Rio de Janeiro e iniciaram a passeata. O movimento foi a expressão mais representativa do repúdio social ao regime militar autoritário, uma vez que todas as camadas sociais estiveram envolvidas na manifestação.
Este momento marcante da história do Brasil aconteceu no dia 26 de junho daquele ano, quando estudantes, intelectuais, artistas, religiosos e representantes da população carioca, num total de 100 mil manifestantes, reuniram-se no centro da cidade do Rio de Janeiro e iniciaram a passeata. O movimento foi a expressão mais representativa do repúdio social ao regime militar autoritário, uma vez que todas as camadas sociais estiveram envolvidas na manifestação.
A mobilização estudantil ganhou força após o assassinato do estudante Edson Luiz Lima Souto, em 28 de março. Aos 18 anos, Edson Luiz foi baleado pela polícia enquanto jantava num restaurante que atendia estudantes de baixa renda vindos de outros estados.
Foto: Márcio Riscado
O movimento de contestação à Ditadura Militar ficou marcado no imaginário de gerações, mas a geração que quarenta anos depois ocupa os bancos das universidades só tem notícias do fato por livros, jornais da época ou relatos daqueles que vivenciaram os acontecimentos. Como todo evento de grande dimensão, o assunto rapidamente ganhou as páginas dos diversos jornais do Brasil, inclusive da Folha de São Paulo e o Diário de São Paulo, que apesar de não serem jornais do Rio de Janeiro, tinham sucursais na cidade.
O jornalista Pery Cotta, que à época trabalhava na redação do Correio da Manhã, relata que, apesar de contarem com uma pauta muito bem planejada e devidamente agendada, a cobertura feita pelos jornalistas foi uma ‘loucura total’, diante da dimensão social, política e histórica da passeata. Segundo ele, o Correio da Manhã fez a melhor cobertura do acontecimento. No dia da manifestação, o assunto foi apresentado em nada mais nada menos do que 15 páginas do diário, incluindo grande parte da primeira página, o Editorial e a abertura da coluna Quatro Cantos, na época assinada pelo Cícero Sandroni, hoje presidente da Academia Brasileira de Letras.
“Um jornal mais ligado ao Governo noticiou o fato, mas preferiu destacar o congestionamento causado pela passeata no trânsito da cidade, por motivos políticos. Outros jornais deram pouco espaço à passeata. Como era de se esperar, o fato continuou na mídia nos dias seguintes. No Correio da Manhã, ocupou as páginas de diversas editorias em edições posteriores do jornal: Cidade (Reportagem Geral), Polícia e Política” – destaca o jornalista.
Manifestações aconteceram ao longo de todo o ano. “Nos dias seguintes, a ditadura militar foi, semana a semana, radicalizando cada vez mais. Até que no dia 13 de dezembro de 1968, os militares editaram o AI-5 (Ato Institucional número cinco), que instituiu a censura e a perseguição aos opositores do governo. Este período, que entrou para a História como ‘Os Anos de Chumbo’, foi marcado pela morte e desaparecimento de estudantes, militantes políticos, congressistas, intelectuais, artistas e jornalistas” – relembra Pery Cotta, que acaba de redigir um texto de 26 laudas sobre os quarenta anos da Passeata dos Cem Mil.
O texto será publicado na Revista COMUM, da FACHA, ainda em maio. O trabalho é resultado de uma pesquisa realizada pelo jornalista em livros e nas edições dos jornais da época, disponíveis para consulta no acervo da Biblioteca Nacional.
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