Mesmo não sendo um desenho animado, a linguagem usada é essa e inspira o decorrer da narrativa. As passagens são fragmentárias, desconectadas entre si, e cada uma contém um humor e uma piada
Porém, para conteúdo subversivo, estética subversiva. Doillon mantém sua proposta e o filme segue sem personagens principais. Os atores são centenas de conhecidos, como Gérard Depardieu, Thierry Lhermitte, Miou-Miou, Coluche, que aparecem em pequenas pontas, mas nunca reaparecem. O que podemos classificar como um grande personagem no filme é o povo ou então a revolução.
A produção é de 1972, mas percebemos ainda a ferveção de maio de 1968, dos ideais jovens e do movimento hippie. Percebemos também que esse filme passa a constituir um verdadeiro documento histórico já que aborda assuntos relacionados à ascensão da prática de liberdade e igualdade e sobre o desenvolvimento das idéias que permitiram esses eventos de se produzirem.
A anarquia de Doillon e da época não se baseia na idéia de tomada de poder, mas na idéia de ausência de poder. Nesse pensamento, a terra (agricultura) oferece tudo que o homem precisa, portanto não haveria um desejo de enriquecimento. O dinheiro perde todo o sentido e o trabalho é reduzido ao mínimo necessário para o consumo.
O filme mostra as últimas conseqüências e os efeitos dessa paralisação na sociedade: da quebra das bolsas de valores norte-americanas, na melhora de vida nas colônias africanas e no fim da idéia de propriedade e posterior abolição das prisões.
O ritmo intenso segue o filme todo até o final. Amor livre, cultura revolucionária e ideologia anarquista global.
L’An 01 (1973)
Filme francês dirigido por Jacques Doillon (com Alain Resnais e Jean Rouch).
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