terça-feira, 3 de junho de 2008

Cinema Marginal 1968/1973 – parte 2

Por Taissa Saldanha (Editoria de Cinema)
Como foi dito no artigo anterior, o estilo dos filmes era muito criticado e mal visto e por isso, muitos desses filmes não puderam participar dos inúmeros festivais que existiram na época. A explicação dada era de que não havia condições técnicas. Claro que essa “desculpa” foi considerada como deboche pelos cineastas e assim, os Marginais (como eram chamados), organizaram suas próprias palestras em paralelo, o que em Brasília foi denominado como I Mostra de Horror Nacional.

Nos mesmos anos 70, alguns festivais foram criados para receber esses filmes, como por exemplo, a Semana do Cinema Maldito em Ipanema, Semana do Cinema Marginalizado Brasileiro, Mostra do Cinema, Ciclo de Cinema Bandido.

Ainda tivemos o Movimento de Curtição e Horror, porém que foi marcado pelo estrago e irracionalidade de seus participantes. Esse movimento foi pioneiro do que mais tarde ficou conhecido como pornochanchada.

A atriz baiana Helena Ignez, merece um destaque quando o assunto é cinema marginal, pois ela tinha um estilo próprio de atuar. Era debochada e extravagante e atuou em quase todos os filmes de seu parceiro amoroso, Rogério Sganzerla.

O fim desse movimento aconteceu no início dos anos 70. A tensão que existia no ar, obrigou os cineastas a emigrar para a Europa. Dentre os que estiveram por lá se destaca: Júlio, Rogério, Andréa e Neville. Esse teve sua reestréia nos cinema brasileiro e consegue atingir o mercado com “A Dama de Lotação”, considerada a 5° maior bilheteria do cinema nacional. Foram quase 7 milhões de espectadores que assistiram o filme, que tinha como principal atriz, Sônia Braga.

“O Terceiro Mundo já explodiu e o lixo está contaminando o universo! Salve a boçalidade do submundo! Quem tiver de sapato não vai sobrar, não vai sobrar, não vai! O negócio é o seguinte: Quando a gente não pode fazer nada, a gente avacalha e se esculhamba! O Bandido da Luz Vermelha".

Logo abaixo, confira uma parte de toda a filmografia dos cineastas que de forma direta ou indireta participaram do Cinema Marginal: Luna Alkalay: Curtas e médias: 1969 - Lacrimosa, co-dir.: Aloysio Raulino; 1970 - Arrasta a bandeira colorida, co-dir. A. Raulino; 1973 - Sangria // Longa: 1974-75 - Cristais de sangue.

Neville d´Almeida: Curtas: 1966 - O bem-aventurado; 1972 - Lunch-Time // Longas: 1968 - Jardim de guerra; 1970 - Piranhas do asfalto; 1971 - Mangue-Bangue; 1972 -The night cats; 1973 - Surucucu Catiripapo; 1975 - A dama do lotação; 1977 - Os sete gatinhos; 1980 - Música para sempre, co-dir. Dudi Guper e Guaracy Rodrigues; 1982 - Rio Babilônia; 1989 - Amazon Encounter; 1990-91 - Matou a família e foi ao cinema; 1997 - Navalha na carne.

João Batista de Andrade: Curtas : 1963 - O lixo; 1966 - Liberdade de imprensa; 1968 - Cândido Portinari, um pintor de Brodósqui; 1971 - Eterna esperança; 1972 -Ônibus; Trabalhadores rurais; 1973 - Vera Cruz; Pedreira; 1975-76 - Buraco da comadre; Restos; O jogo do poder; Volantes, mão-de-obra rural; Batalha dos transportes; Escola de 40 mil ruas; Viola contra guitarra; Mercúrio no pão nosso de cada dia; 1978 - O caso Norte; Alice; 1979 - Greve!; Trabalhadores, Presente!; 1981 - Tribunal Bertha Luz; Por um lugar ao sol; A ferrovia do diabo; 1982 - 1932-1982: A herança das idéias 2; 21 de Julho; 1984 - Cubatão urgente // Longas: 1968 - Gamal, o delírio do sexo; 1969 - Em cada coração um punhal (3o. episódio: O filho da televisão; 1970 - Paulicéia fantástica; 1976 - Doramundo; 1978 - Wilsinho Galiléia; 1979 - O homem que virou suco; 1982 - A próxima vítima; 1987 - Céu aberto; 1987 - O país dos tenentes; 1995-96 - O cego que gritava luz; 1998-99 - O tronco.

Júlio Bressane: Curtas: 1966 - Lima Barreto, Trajetória; Bethânia bem de perto, co-dir. Eduardo Escorel; 1981 - Cinema Inocente // Longas: 1967 - Cara a cara; 1969 - O anjo nasceu; Matou família e foi ao cinema; 1970 - A família do barulho; Barão Olavo, o horrível; Cuidado Madame; 1971 - A fada do oriente; Crazy Love (Amor Louco); Memórias de um estrangulador de loiras; 1972 - Lágrima Pantera; 1973 - O rei do baralho; 1975 - O monstro Caraíba; 1977 - A agonia; 1978 - O gigante da América; 1982 - Tabu; 1985 - Brás Cubas; 1989 - Sermões; 1992 - Oswaldianas (1o. episódio: Quem seria o feliz conviva de Isadora Duncan); 1995 - O mandarim; 1996-97 - Miramar; 1999 - São Jerônimo. Júlio Calasso: 1966 - Copa 66 // 1970-71 - Longo caminho da morte. João Callegaro: Curtas: 1967-Alegria; 1968 - O suspense segundo Hitchcock;1979 - Papagaio; Papagaio, Motocross // Longa: 1968- As libertinas (3o. episódio: Ana); 1970 - O pornógrafo.

Walter Lima Jr.: Curtas: 1971 - Arquitetura: a transformação do espaço; 1975 - José Lins do Rego; 1977 - Conversa com Cascudo; 1978 - Joana Angélica; 1981 - Em cima da terra e embaixo do céu // Longas: 1965 - Menino de engenho; 1967-68 - Brasil ano 2000; 1970 - Na boca da noite; 1973-77 - A lira do delírio; 1979-85 - Chico Rey; 1982 - Inocência; 1986 - Ele, o boto; 1995 - O monge e a filha do carrasco (The Monk and Hangman´s Daughter); 1996-97 - A ostra e o vento.

José Mojica Marins: Longas: 1957 - Sina de aventureira; 1961 - Meu destino em suas mãos; 1964 - À meia-noite levarei sua alma; 1965 - O diabo de Vila Velha; 1966 - Esta noite encarnarei no teu cadáver; 1967 - Trilogia do terror (3o. episódio: "Pesadelo macabro"); O estranho mundo de Zé do Caixão (1o. episódio: "O fabricante de bonecas"; 2o. episódio: "A tara"; 3o. episódio: "A Ideologia"); 1969 - Ritual de sádicos; 1970 - Sexo e sangue na trilha do tesouro; 1971 - Finis Hominis; Dgajão mata para vingar; 1972 - Quando os deuses adormecem; 1973 - A virgem e o machão; 1974 - Exorcismo negro; 1975 - Como consolar viúvas; 1976 - Inferno carnal; 1977 - A mulher que põe a pomba no ar, co-dir. Rosângela Maldonado; 1977-78 - Delírios de um anormal; 1978 - Perversão; O mundo, mercado do sexo; 1983 - A 5a. dimensão do sexo; 1984 - 24 horas de sexo ardente; 1985 - 48 horas de sexo alucinante; 1986 - O dr. Frank na Clínica das Taras.

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