quarta-feira, 30 de abril de 2008

1968 - Política

por Percy Rodrigues (Editoria de Política)

Após o golpe militar de 1964, nos anos que se seguiram, o cenário político brasileiro foi de constante ameaça de repressões, caracterizando-se como regime de força, uma ditadura. O clímax da repressão ocorreu em 1968, culminando com a decretação do Ato Institucional número Cinco, o famigerado AI-5. Segundo Zuenir Ventura, 1968 foi o ano que não terminou, entrando para a história, senão como exemplo, pelo menos como lição.


Linha Dura

As liberdades individuais foram suprimidas, a Nação foi entrando num processo de radicalização entre os militares e a oposição, culminando com a decretação do AI-5 em 13 de dezembro de 68.

Reações ao Regime

Em julho, ocorreu a primeira greve em Osasco-SP. A Linha Dura liderada por Aurelio de Lira Tavares, chefe do SNI, começou a exigir medidas mais repressivas às idéias consideradas subversivas. Em 30 de agosto, a Universidade Federal de Minas foi fechada, e a Universidade de Brasília, invadida pela polícia.

Ato Institucional número Cinco (AI-5)

Costa e Silva editou, em 13 de dezembro de 1968, o AI-5, que permitiu ao governo decretar o recesso do Legislativo e intervir nos estados sem as limitações da Constituição, a cassar mandatos eletivos, decretar confiscos de bens “de todos quantos tenham enriquecido ilicitamente” e suspender por 10 anos os direitos políticos de qualquer cidadão. Como efeito, foram presos jornalistas e políticos manifestantes contra o regime, entre eles o ex-presidente Juscelino Kubitschek e o ex-governador da Guanabara Carlos Lacerda, além de deputados federais e estaduais do MDB (Oposição) e ARENA (Situação).Assim, o regime militar tornou-se uma ditadura ainda mais violenta. O AI-5 foi classificado pela imprensa da época (Folha de São Paulo) como “golpe dentro do golpe”, expressão que virou chavão para expressar o triste momento.

Dessa forma, o AI-5 cancelou todos os dispositivos que ainda poderiam ser utilizados pelo parlamentares da Constituição de 1967. Pelo disposto, os militares tinham o direito de decretar o recesso do Congresso, das Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais a qualquer momento. A censura dos meios de comunicação, da expressão intelectual e artística estava agora extremamente eficiente, tendo sido retirada toda a autoridade e independência do Poder Judiciário. A cassação dos direitos políticos poderia ser decretada com extrema rapidez e sem burocracia, o direito de defesa ampla do acusado foi eliminado, suspeitos poderiam ter prisão decretada imediatamente sem necessidade de ordem judicial.

40 Anos do “Álbum Branco” dos Beatles

por Luiz Mauricio Urjais (Editoria de Música)





Após os mais de vinte anos de Guerra Fria, “1968” foi um ano mítico, pois uma série de transformações políticas, éticas, sexuais e comportamentais afetaram as sociedades da época de uma maneira irreversível. Foi nesse embalo de revoluções militantes que os Beatles lançaram em novembro de 1968, como assim ficou conhecido, o “Álbum Branco” ou simplesmente “The Beatles”.

O título original do álbum seria “A Doll´s House” devido ao período de meditação em Rishikesh, na Índia, junto com o guru Maharishi Mahesh Yogi, que o grupo se manteve, em fevereiro do mesmo ano, compondo com os seus violões. O álbum em si demorou quase oito meses de trabalho intenso para ser finalizado, começando em 30 de maio, em Abbey Road, e terminando em 13 de outubro.

Caracterizada por uma capa de cor totalmente branca, “The Beatles” é o adeus à fase psicodélica do grupo predominante no álbum anterior “Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band” e é um prelúdio do que seria a música pop do início dos anos 70. Também constam no álbum um grande pôster de colagens e quatro fotos dos integrantes.

O disco foi o último dos músicos a ser lançado em versão estéreo e mono, havendo uma variação muito grande nas duas mixagens que pode ser comprovada em sua duração que, ao exemplo em mono, tem 20 segundos a menos que o estéreo.

A compilação “The Beatles” foi composta de 30 canções, dividas em dois discos, que consta do material mais diversificado produzido pelos “Fab Four”, possuindo levadas de várias vertentes musicais como o rock´roll, reaggae, soul, country, pop e blues. Também é nesse álbum que surgem os primeiros indícios de separação do grupo, devido a constante presença de Yoko Onno nos ensaios, os primeiros problemas com a Apple e o trabalho de forma mais individualizada de cada membro. Este clima tenso fez com que Ringo Star abandonasse a banda durante as gravações, no período de uma semana, alegando não possuir espaço suficiente para compor.

O LP, que fora produzido por George Martin e lançado no dia 22 de novembro de 1968 na Grã-Bretanha e no dia 25 nos Estados Unidos, alcançou o 1º lugar no dia 27 do mesmo mês sendo o 1º álbum duplo a obter tal posto e o de maior vendagem da história, batido apenas em 1977 pela trilha de “Saturday Night Fever”.

Abaixo segue a lista das canções que foram gravadas:

DISCO 1

1 - BACK IN THE USSR
2 - DEAR PRUDENCE

3 - GLASS ONION
4 - OB-LA-DI OB-LA-DA
5 - WILD HONEY PIE
6 - THE CONTINUING STORY OF BUNGALLOW BILL
7 - WHILE MY GUITAR GENTLY WEEPS
8 -HAPPINESS IS A WARM GUN
9 - MARTHA MY DEAR
10 - I´M SO TIRED
11 – BLACBIRD
12 – PIGGIES
13 - ROCKY RACCOON
14 - DON´T PASS ME BY
15 - WHY DON´T WE DO IT IN THE ROAD
16 - I WILL
17 – JULIA

DISCO2

18 – BIRTHDAY
19 - YER BLUES
20 - MOTHER NATURE´S SON
21 - EVERYBODY´S GOT SOMETHING TO HIDE EXCEPT ME AND MY MONKEY
22 - SEXY SADIE
23 - HELTER SKELTER
24 - LONG LONG LONG
25 - REVOLUTION 1
26 - HONEY PIE
27 - SAVOY TRUFFLE
28 - CRY BABY CRY
29 - REVOLUTION 9
30 – GOODNIGHT

“Álbum branco” – divulgação site: www.beatles.com

“Beatles” – site: http://aboutthebeatles.com/discography_lp_thebeatles.php

terça-feira, 29 de abril de 2008

1968 Um ano conturbado e olímpico

Por Marcus Azevedo (Editoria de Esportes)

Como sabemos o ano de 1968 foi um ano muito turbulento em vários setores da sociedade brasileira devido ao auge da ditadura instalada. Ainda assim tivemos tempo para se dedicar aos esportes, ainda mais se tratando de um ano olímpico. Os jogos aconteceram no mês de outubro e contaram com a participação de 112 países competindo em 20 modalidades esportivas. Nesses jogos foram utilizados pela primeira vez os testes antidoping.

Neste ano os jogos olímpicos foram sediados na alta Cidade do México, que foi o primeiro local da América Latina a conseguir o feito. Para o Brasil, o destaque aconteceu no atletismo, que com Nelson Prudêncio e sua marca de 17,27m. Ele quase manteve o recorde mundial sendo superado pelo Soviético Viktor Saneyev com a marca de 17,79. Logo Nelson garantira a prata da o país.

Além da prata no atletismo ainda conseguiríamos duas medalhas de bronze: uma no boxe com Servílio de Oliveira na categoria mosca e com Reinald Conrad e Bukhard Cordes na classe flying duchtmann no iatismo.

As mulheres tampem tiveram suas conquistas nos jogos. Aida dos Santos superou o recorde sul-americano de pentatlo com seu 20° lugar.


Símbolo das olimpíadas de 1968

Já Maria da Conceição Cypriano terminou em 11º lugar nas provas classificatórias de salto em altura.

Tivemos bons resultados também no basquete masculino que garantiu o quarto lugar no torneio. Em nove partidas perdeu uma para a união soviética e uma para os Estados Unidos. Na natação disputamos a final com José Sylvio Fiolo e terminou em quarto lugar. Também no pólo aquático o atleta João Gonçalves Filho se tornou o primeiro brasileiro a participar cinco vezes de jogos olímpicos.

Seleção Brasileira de Pólo Aquático

Nelson Prudêncio

Naquele ano a comitiva do Brasil contava com 84 atletas sendo três deles mulheres, disputando em doze modalidades olímpicas: atletismo, basquete, boxe, esgrima, esportes aquáticos - natação e pólo aquático , futebol, hipismo, levantamento de peso, remo, tiro esportivo, vela e vôlei. O desempenho do Brasil nos jogos acabou garantindo o 35º lugar no quadro geral, desempenho superior nas olimpíadas anteriores (Roma – 1960 e Tóquio – 1964).

Carmo de Souza – Basquete brasileiro

Bibliografia Utilizada: Universo Olímpico – Uma enciclopédia das olimpíadas; Colli, Eduardo; Editora Codex

1968

por Luana Assis

Coincidência? Talvez. Revoltas ideológicas em prol de objetivos similares? Certamente. O fato é que à medida que o tempo passa, mais se evidencia o caráter instigante da realidade vivida em 68 e a sintonia de mentes cujo anseio revolucionário propiciou a formação de novos estereótipos e, conseqüentemente, de uma sociedade mais modernizada. Se analisado a partir de um ponto de vista prático, 1968 parece realmente não ter tido fim, mas sim ter se prolongado indefinidamente, vindo a ser o precursor de muitos dos padrões que hoje temos por aí. Felizmente. Creio que posso assim dizer já que o saldo final foi positivo.

Basicamente, a geração, predominantemente jovem, idealizava uma revolução mais voltada para o caráter político, caracterizando uma reação ao poder de um modo geral. A rejeição a todo e qualquer poder era uma marca, o que teve conseqüências tanto na esquerda quanto na direita. Para eles, por exemplo, o comunismo era naquele momento um poder tão nocivo quanto o poder capitalista. Todavia, esses jovens não tinham estrutura para tomar o poder, tampouco para mantê-lo. Ironicamente, apesar da utópica tentativa de uma revolução política não ter sido possível, toda uma revolução cultural foi iniciada naquele momento e perdura até hoje. Isso aqui no Brasil. Pois em diversos outros locais, concomitantemente com toda essa febre revolucionária daqui, também estouravam rebeliões que reivindicavam desde questões mais irrisórias, como a questão do dormitório misto na França e EUA, até verdadeiras lutas pela liberdade e contra a censura, que foi o caso do Brasil, cujos movimentos costumavam se caracterizar por um componente político muito forte.

O legado de 68 é inegável. Foi uma contestação anárquica a tudo do passado – não restam dúvidas, principalmente no que diz respeito ao autoritarismo generalizado de então – e são indiscutíveis as conquistas gestadas e nascidas nesse período. A liberdade sexual teve vez, tabus começaram a ser destruídos e novas formas comportamentais vieram à tona, resultando em uma sociedade mais independente, com mulheres, negros, homossexuais e minorias em geral mais livres.

Se outrora convivíamos com um voluntarismo e uma arrogância típicos daquela juventude reivindicadora - algo à beira da onipotência - hoje nos resta um conformismo tão alienado que se torna difícil imaginar formas de como solucionar a crise da política brasileira, por exemplo.

Tamanha passividade é provavelmente conseqüência do individualismo presente na sociedade. Não existe mais a consciência do todo. A comunicação não mais se dá por via direta. E a internet aí está, como prova comprobatória. Sendo assim, cabe a mim no máximo o desafio de tentar entender se essa exacerbação do indivíduo seria oriunda da natureza efêmera das relações dos dias de hoje, ou se se aplica o contrário. A dúvida permanece.

Aonde está a grande massa que supostamente interferiria nesse caos estabelecido – ao melhor estilo marxista? – é algo que sinceramente não me arrisco a dizer. No momento, apenas resta me dedicar à agradável tarefa de me imaginar há quatro décadas proclamando os valores pátrios da época. Contudo, ao fazê-lo, é infeliz que me recolho ao meu insignificante e triste papel de pertencente a esse todo permissivo e alienado. E que venham os mensalões.

domingo, 27 de abril de 2008

Promulgado o Ato Institucional Nº 5

por Athos Moura (Editoria de Política)

No dia 13 de dezembro de 1968 foi assinado o mais terrível Ato Institucional que a nação já tivera. Promulgado pelo então presidente da república Costa e Silva o AI-5 reforçou medidas adotadas nos AI’s anteriores e acrescentou demais medidas severas, como: confisco de bens, suspensão dos “habeas” políticos, restabelecimento das cassações e o fim de vitaliciedade. Na mesma ocasião também foi assinado o ato complementar nº 38 que decretou o recesso do congresso nacional.

A atitude foi tomada após o governo ter sofrido uma derrota no congresso nacional no dia anterior. Os deputados votaram contra o pedido de licença feito pelo Supremo Tribunal Federal para processar o deputado Márcio Moreira Alves.

O povo aguardou pacientemente por uma decisão do governo. Nos jornais saíram notícias de que o governo cassaria os mandatos parlamentares de cerca de 40 deputados da Arena e MDB. Não houve corridas aos bancos e muitos preferiram nem ir para suas casas. Esperaram para ouvir o pronunciamento oficial em seus escritórios ou nas ruas.

O discurso que comunicou a população o porquê do presidente ter acatado a decisão do Conselho de Segurança Nacional de editar o AI-5 foi veiculado pelas rádios e TV. Ficou a cargo do Ministro da Justiça, Luis Antônio da Gama e Silva a responsabilidade de fazer o pronunciamento.

O caso Márcio Moreira Alves

O Supremo Tribunal Federal encaminhou ao congresso um pedido de licença para processar o deputado do MDB pelo estado da Guanabara Márcio Moreira Alves. Meses antes o deputado lançou um manifesto incentivando a população a não assistir ao desfile de sete de setembro. Também pediu ás mães de meninas que não as deixassem namorarem cadetes.

O governo interpretou o episódio como um atentado contra a ordem democrática e crime de abuso do direito de opinião. Os três ministros militares fizeram representações contra o deputado e as encaminharam ao congresso através do procurador geral da república.


A votação

Por 216 votos contra, 141 a favor e 12 brancos. A câmara recusou o pedido de licença para processar Márcio Moreira Alves. Aplicando, assim, uma grande derrota ao governo. Após o anuncio do resultado da votação os presentes que lotavam as galerias bateram palmas e em seguida cantaram o hino nacional. O presidente da câmara José Bonifácio tentou normalizar a situação, mas não conseguiu e teve que permanecer de pé em respeito ao hino. Após o termino da manifestação terminou os trabalhos.

Em seu discurso o deputado Márcio Moreira Alves manteve um tom sereno e negou a intenção de ofender as forças armadas. Estratégica eficaz que o fez sair vitorioso na votação. Seus argumentos conquistaram os indecisos que fatidicamente dariam votos ao governo. Além de o governador de São Paulo, Abreu Sodré, ter recomendado que os deputados paulistas e paulistanos votassem contra a cassação.


O dia do decreto


Os quartéis da Vila Militar tiveram movimentações intensas ficaram em regime de prontidão durante todo o dia e os caminhões ficaram em posição de deslocamento. Policiais federais, militares civis e a guarda civil estavam espalhados pela Guanabara prontas para agir, totalizando mais de 400 homens.

Foram realizadas reuniões na área militar durante todo o dia. Os comandantes das principais unidades do Rio de Janeiro estavam presentes do Ministério do Exército, situação incomum. Porém, só uma reunião teve real importância. Costa e Silva se reuniu com o Conselho de Segurança Nacional e juntos resolveram pela promulgação do AI-5. O Ato entregue a imprensa pelo sub-secretário da diretoria do expediente do palácio do planalto, Mário Pirajá Alves e foi publicado no diário oficial no dia 16 de dezembro.

Veja, na íntegra, o AI-5
http://www.unificado.com.br/calendario/12/ai5.htm

Veja, na íntegra, o Ato Complementar nº 38
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ACP/acp-38-68.htm