domingo, 8 de junho de 2008

1968 a 2008, quarenta segundos

Por Marcelo Cosentino (Editoria de Política e Esportes)

De repente se passam 40 anos, e se repetem os mesmo erros. Mil novecentos e sessenta e oito foi um ano marcante pela repressão policial, apoiada pelo governo; foi o ano do AI-5, um dos períodos mais violentos e repressivos da história do Brasil, senão o mais, onde a população e a mídia calaram-se diante do governo e a liberdade virou artigo de luxo. O ano é 2008, e apesar de termos liberdade governamental, conquistada com suor e sangue, a sociedade torna-se cada vez mais refém de outros meios. Neste ano somos reféns do tráfico, que fecha o comércio e declara toque de recolher; reféns da insegurança, não podemos circular aonde queremos e na hora que desejamos por motivos óbvios; reféns da polícia, a qual instaura milícias, que são tão ou mais perigosas e indesejadas que o tráfico estabelecendo toque de recolher, taxas para moradores, cobranças extras de luz, Internet e outros e ainda, num gesto parecido com o de quarenta anos antes, seqüestra e tortura jornalistas; estes que são livres pra escrever sobre o que querem, mas nem sempre escrevem.

O ano é 1968, e a polícia repreende estudantes, manifestantes, artistas, políticos etc. O estudante Edson Luis é assassinado pela polícia. Ano de 2008, em Pernambuco a polícia repreende um atleta e o presidente de um clube em um jogo de futebol, usa de força excessiva e abusa do poder em si atribuído. Ambos são presos e apresentados em no site oficial do Estado de Pernambuco em uma nota de esclarecimento como criminosos. No Rio milhares de jovens, principalmente de classes menos favorecidas, são humilhados, revistados e roubados; blitz para arrecadar dinheiro; estudantes e trabalhadores inocentes são baleados, mortos e até assassinados em favelas cariocas.

O ano é 1968, e os EUA, país mais poderoso do mundo entra está em guerra com o pequeno Vietnã, os motivos não convencem ao mundo e sequer aos americanos, milhares de soldados morrem. O ano, 2008, e a maior potência do mundo, os EUA, estão em guerra contra o terror, mais propriamente dita contra o pequeno Iraque. Os motivos a princípio são armas de destruição em massa e uma tirania sob comando de Saddan Hussein. Mais uma vez os americanos não convencem ao mundo; milhares de soldados são mortos.

O ano é 1968, dia 15 de janeiro. A Itália nesta data sofre um grande terremoto que mata 231 pessoas na Sicília. O ano é dois mil e oito, terremoto na província de Chengdu, na China, mata milhares, 15 milhões desabrigados.

Ano de 1968, a Igreja Católica publica a encíclica Humanae Vitae, condenando o uso de anticoncepcionais. Ano de 2008, a Igreja Católica se diz contrária ainda à utilização de anticoncepcionais e se diz contra também a utilização de células-tronco na ciência, o que prejudicaria pessoas com paralisia e outras doenças sem cura. Ano 1968, está liberada a utilização de anticoncepcionais. Ano 2008, está liberada, pela justiça, a utilização de células-tronco pela ciência a fim de estudos e busca a novas curas.

Será que se passaram 40 segundos? Será que não aprendemos com os erros? Será que gostamos de repeti-los?

Que 2048 chegue com o avanço de 40 séculos.

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