Por Beatriz Cecchetti (Editoria Mundo)
O conturbado quadro político dos países da América Latina em 1968 era fruto dos laços de dependência econômica que estes ainda mantinham com potências capitalistas. Apesar de já serem independentes no âmbito da política, existiam forças reformistas, nacionalistas e, de extrema esquerda que queriam democracia e autonomia. A onda de ditaduras militares se alastrava na mesma proporção que cresciam os movimentos pró-libertação, reformistas, revolucionários e guerrilheiros.
Conhecida como “Terceiro Mundo”, a América Latina, aos poucos, foi se mostrando tão divergente que, este termo só se servia para distinguir os países “pobres” dos “ricos” de acordo com seu PIB - Produto Interno Bruto.
Segue, abaixo, um breve resumo do que acontecia nos principais países da América Latina.
Na Argentina, desde 1966 após um golpe de Estado, o general Juan Carlos Onganía assumiu a presidência. Seu governo teve inúmeras crises, principalmente dentro do próprio Exército.
A Bolívia teve na época, um presidente ditador que ao mesmo tempo, era revolucionário, René Barrientos Ortuño. Esse mesmo presidente mandou matar Che Guevara, em 1967.
Em 1968, no Chile, Eduardo Frei Montalva, após ter vencido Salvador Allende nas eleições de 1964, governava. Ele era democrata cristão e teve apoio da CIA em sua campanha anti-esquerdista. Foi sucedido por Allende após o golpe de Pinochet em 70.
Carlos Lleras Restrepo, tentou implementar na Colômbia uma política reformista, conhecida por “Transformação Nacional” cujo foco era em políticas econômicas, sociais e culturais. Era liberal - chegou até ser presidente do partido – e só saiu do seu cargo de presidente da Colômbia em 1970 com o golpe do general Rojas Pinilla.
Osvaldo Dorticós Torrado foi o último presidente de Cuba antes de Fidel Castro. O comunista foi quem anunciou, em um encontro das Nações Unidas, que Cuba possuía armas nucleares.
No Paraguai, presidia o general Alfredo Stroessner Matiauda – militar mais jovem que já recebeu a patente de general na América do Sul. Após dar um golpe, ficou no poder por 7 mandatos consecutivos. Boicotou Ronald reagan e asilou em seu país ex-nazistas. Morreu exilado no Brasil em 1989.
No Peru, uma junta militar liderada por Juan Velasco Alvarado toma o poder e toma algumas medidas. Dentre elas: nacionalização quase que completa da economia, reforma agrária, igualdade das mulheres, autonomia das universidades, censura e controle dos meios de comunicação. Alvarado, que possuída ligações estreitas com a URSS, é deposto em 1975.
O uruguaio Jorge Pacheco Areco, na tentativa de fugir do imperialismo norte-americano, implantou medidas de segurança, prendeu dirigentes sindicais e assassinou estudantes. Teve um governo marcado pela barbárie.
Raúl Leoni Otero era democrata e lutou contra qualquer tipo de ditadura na Venezuela. Inaugurou a hidrelétrica de Guayana, o Banco dos Trabalhadores e, fez reformas importantes nas leis sociais e trabalhistas.
E, no Brasil, estávamos sob a ditadura do marechal Artur da Costa e Silva. Nesse momento começou a fase mais dura da ditadura brasileira, que o general Médici deu continuidade. Dentre outras medidas, o então presidente promulgou o – famoso – AI-5, que lhe dava poder para fechar o Congresso Nacional, cassar políticos e insitucionalizar a repressão.
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