Por Maria Laura (Editoria de Literatura)
A geração de 68 traz consigo marcas de diversas searas. O ano manifesto foi a explosão diante do que se viu em longos anos: a descolonização do continente africano, a crescente tensão da Guerra Fria, o aumento da dinâmica dos movimentos identitários da sociedade civil. Resgatando as origens de 1968, encontramos na literatura dos anos de 1950 um importante fator: o Novo Romance.
Surgido na França e que se estende pela Europa pós-guerra e EUA, o movimento literário pelo Novo Romance provoca uma ruptura no modo de construção do texto. Nathalie Sarraute, Michel Butor, Alain Robbe-Grillet, Claude Simon são alguns dos nomes do movimento. O historiador André Sena, professor de História Contemporânea da UERJ, aponta essa geração como a que vai para as ruas com os estudantes em 1968. “Esses autores vão pensar a expressão literária, que será completamente posta à público em
As características do Novo Romance são a desconstrução da narrativa psicológica, do personagem, fragmentações das identidades da narrativa e da sua linearidade. Essa nova escrita não agradou ao público e os autores foram chamados até de terroristas. “A idéia desse movimento que vai gerar, literariamente, o pensamento de 68, o coração do pensamento desses autores é criar uma narrativa capaz de construir o mundo e não uma narrativa que comece com o mundo já dado”, revela Sena.
“A estrada de Flandres” (1960), “História” (1967) ambos de Claude Simon, “Entre a vida e a morte” (1968) de Nathalie Sarraute, “L’Emplois du temps” de Michel Butor são algumas das publicações do movimento. No Brasil, Clarice Lispector dominou com maestria o romance cheio de divagações e fragmentações. “A paixão segundo G.H.” (1964) e “Água Viva” (1972) são excelentes exemplos da desconstrução nova romanesca.
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