“Uma câmera na mão, uma idéia na cabeça” e um ano que não nos sai da cabeça.
Definindo...Rogério Sganzerla é um cara do cinema marginal. Cinema marginal foi um movimento que tentou fugir do paradigma da linguagem cinematográfica americanizada e levantar a bola da cultura brasileira, ou ainda, tentar inaugurar outros tipos de linguagem, inovar: “Uma câmera na mão, uma idéia na cabeça” – esse era o lema da galera que curtia, que fazia e que queria um cinema por assim dizer n a c i o n a l.
Rogério realizou seu primeiro curta-metragem de ficção, que contraditoriamente chamou de “Documentário”. Embora o ano em questão aqui seja o 68, e o curta em questão seja de 67, sua análise é extremamente rica, já que faz um “istântaneo” , um “frame” como se diz em cinema e abre uma janela para sabermos como se comportava e o que andava pensando a juventude pré-68. Uma “galera” que estava cansada do imperialismo cultural e sem horizonte...
Cenas que mostram “dois jovens andando por aí sem ter muito o que fazer ...” assim estão descritos os dois jovens do filme nas variadas sinopses. Na verdade são dois amigos andando pelas ruas, tentando ver alguma novidade nos cinemas e não havia nada de novo, tudo uma mesmice.
Eles andam em busca da sessão de cinema perfeita para passar o tempo e fugir da própria falta de possibilidades, tão latente devido ao momento político da época. Aí está o elo com 68, logo nos frames podemos ler no jornal “Subversão está voltando”.
Na verdade, o curta em questão, trata-se de finíssimo material no que tange à sua constante referência ao “anti-filme”, recheado de sarcasmo em relação à narrativa clássica. .O travelling sem trilhos, a “câmera na mão”, a filmagem com luz natural e a pequena equipe causando esse efeito de espontaneidade fazem de “Documentário” um filme essencial para se compreender, não o cinema de 68, mas seus cineastas.
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