sábado, 14 de junho de 2008

1968 – 2008: o movimento estudantil ontem e hoje

por Thatyana Freitas (Editoria de Política)

Ao lado do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), na Ilha da Cidade Universitária, uma faixa chama a atenção daqueles que passam no local. Nela está escrito: “Maio de 1968 – Maio de 2008: Os estudantes não vão se calar. Melhorias para os HUs já! Mais verbas para a saúde e educação”. Trata-se de um protesto dos estudantes de medicina das quatro universidades públicas do Rio de Janeiro: UERJ, UNIRIO, UFRJ e UFF.

Faixas de protesto dos estudantes de medicina da UERJ, UNIRIO, UFRJ e UFF próximo ao HUCFF

No dia 30 de maio, estudantes de medicina destas faculdades realizaram manifestações simultâneas em diversos pontos da cidade do Rio de Janeiro para contestar a falta de repasse de verbas por parte do governo para os hospitais universitários e protestar contra o abandono em que se encontram estes hospitais.

Cerca de 500 estudantes de medicina da UFRJ, vestidos com seus jalecos brancos, sentaram-se em duas faixas da Linha Vermelha, sentido baixada, na altura do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, conhecido como Hospital do Fundão, e bloquearam a via por cerca de meia hora. A polícia soltou bombas de gás lacrimogêneo e repreendeu os manifestantes. Simultaneamente, alunos da UNIRIO partiram do Hospital Universitário Gafreé e Guinle, na Tijuca, em direção ao Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, onde realizaram nova manifestação em defesa dos hospitais universitários.

No dia 20 do mesmo mês, alunos de medicina da UFF haviam realizado uma manifestação em frente ao Hospital Universitário Antônio Pedro, em Niterói. O objetivo da manifestação era o mesmo: exigir melhorias nas condições de trabalho nos hospitais universitários e na educação superior.

Nas mensagens de protesto, os estudantes fazem referência ao movimento estudantil de 1968, que representou o auge do movimento estudantil brasileiro.

Naquele ano, explodem em vários países as manifestações estudantis. Em diversos lugares do mundo os jovens estudantes lutam contra guerras, injustiças sociais, buscam liberdade de expressão etc. No Brasil, em meio ao auge da violência do regime militar, lutam também pela educação, contra o autoritarismo dos militares, pela reforma agrária, por melhores condições de saúde, moradia etc.

Pelos livros, fotografias e artigos jornalísticos da época vemos que a atuação dos estudantes foi bastante representativa naquele período. Só para mencionar, o maior movimento de contestação ao Regime Militar, em 1968, a Passeata dos Cem mil, foi capitaneada, entre outros segmentos da população, pelos estudantes. Fora este acontecimento, houve ainda o Congresso da UNE, em Ibiúna, que terminou em violenta repressão policial, entre outras tantas mobilizações.

Durante os anos de chumbo, os militares colocaram as entidades estudantis na ilegalidade. Estudantes foram perseguidos e presos, muitos nunca foram encontrados.

Em 1984, os estudantes assumem um papel importante no movimento das Diretas Já!, cujo objetivo era a volta das eleições diretas para presidente no Brasil, uma proposta de retorno da democracia. O congresso votou a favor das eleições indiretas e Tancredo Neves foi nomeado presidente para o próximo mandato (a partir de 1985). Ficou decidido que eleições de 1989 seriam diretas.

Assim se fez. Depois de mais de três décadas de eleições indiretas Fernando Collor de Melo derrota nas urnas o seu adversário, o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e é eleito Presidente da República. Por conta da corrupção em seu governo, o presidente eleito não chegou a concluir o mandato de quatro anos. A população mais uma vez foi às ruas, desta vez para lutar pelo Impeachment do então Presidente. O movimento teve forte adesão dos estudantes que ficaram conhecidos como Caras Pintadas, pois pintavam seus rostos em ato de protesto. Collor tem seu mandato cassado em 1992.

Os períodos mencionados acima foram marcos representativos da atuação dos estudantes no Brasil. Outras mobilizações foram realizadas, em outras épocas. Muitas delas não alcançaram grandes resultados concretos.

Recentemente os estudantes foram às ruas em diversas ocasiões brigar pelo passe livre, ocuparam reitorias em protestos contra o desvio de verbas e contra o Programa de Apoio aos Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), provocaram inclusive o afastamento do reitor de uma das maiores universidades públicas do País. Movimentos como estes e como aquele realizado pelos estudantes de medicina continuam a acontecer, mas faltam ainda atuações mais incisivas em prol dos interesses de toda a sociedade, ultrapassando a seara da educação.

O retorno ao passado suscita reflexões importantes a respeito do que temos feito hoje. Esta é uma boa oportunidade para pensar sobre o assunto. Pelo que temos lutado e o que temos, de fato, conseguido? Reflita você também.

2 comentários:

Anônimo disse...

foi muito enteresante esse movimentos por que so assim os politicos vê a verdadeira revolta de todos

Anônimo disse...

(b)(i)(a)uuui que legal meio loco