segunda-feira, 26 de maio de 2008

Uma certa primavera

Por Elizabeth Reis (Editoria de Política)

O secretário geral do partido comunista tchecoslovaco empreendeu profunda reforma política no país, com o intuito de remover o autoritarismo e o despotismo, considerados, por ele, como aberrações socialismo.

Dubcek anunciou ao povo da Tchecoslováquia um ousado programa de ação, que prometia efetiva federalização do país; reforma constitucional; garantia de direitos civis, dentre os quais a liberdade de imprensa; e o fim do unipartidarismo, bem como a reabilitação de todos aqueles até então perseguidos pelo regime. O governo seria controlado por uma Assembléia Nacional, plural e multipartidária e não mais exclusivamente pelo Partido Comunista.

A tentativa ímpar, do lado oriental da cortina de ferro de fazer coexistirem a planificação econômica e a liberdade democrática, chamada por Dubcek de “Socialismo de face humana” lançada em 5 de abril de 1968 foi sufocada pela invasão de Praga por tanques do Pacto de Varsóvia em agosto do mesmo ano.

As tropas invasoras ocuparam rapidamente o país, despreparado para a ofensiva e pego de surpresa. O povo tchecoslovaco não se deixou subjugar facilmente. A resistência pacífica foi coordenada através da Rádio Tchecoslováquia Livre. Placas de trânsito tiveram suas orientações mudadas, boatos de envenenamento de água encanada foram espalhados e muros foram grafitados comparando a invasão de Praga com a intromissão americana no Vietnã.

Diante de ameaças de um massacre contra o povo, Dubcek assinou o acordo de renúncia, o que esmoreceu a resistência popular, pôs fim às muitas conquistas daquela primavera e por mais 20 anos os anseios de liberdade de tchecos e de eslovacos.

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