sexta-feira, 23 de maio de 2008

Cinema Marginal – 1968/1973

Por Taissa Saldanha (Editoria de Cinema)

O cinema marginal teve a intenção de retratar a situação cultural e social do país que vivia sob influência do Cinema Novo. Histórias em quadrinhos, transmissões radiofônicas, imprensa popular e o tropicalismo foram deixados para trás e dava vez para a forma tosca e debochada do chamado Cinema Marginal.

Os criadores tinham total liberdade para fazer filmes, por essa razão também que esse período ficou conhecido como Boca de Lixo. Na maioria das vezes, os filmes tentavam alcançar o público de maneira mais direta aproveitando-se de dois momentos importantes: a situação do país e a má fase do cinema norte americano. Tudo era muito bem retratado, da forma mais verdadeira (mesmo que debochada).

A fonte de inspiração foi o filme “A Margem”, 1967, de Ozualdo Candeias. Um filme grotesco, irônico que definiu os moldes do que, futuramente, chamaria “Cinema Marginal”. Ozualdo já havia trabalhado com uma figura muito conhecida em seu estilo de filmar, José Mojica, ou Zé do Caixão. Até hoje lembrado por ser um cineasta bizarro. Ozualdo também filmou “Meu nome é Tonho” e “A Herança”.

Foi no ano de 1968 que o Cinema Marginal ganhou forças e com isso muitos filmes foram feitos, mas nem todos entraram em cartaz devido à censura dos militares. Porém, um filme conseguiu um grande público, chegando a bater recordes nacionais. Falo de “O Bandido da Luz Vermelha”, de Rogério Sganzerla, considerado um divisor de águas, um marco no cinema brasileiro.

Ao contrário do Cinema Novo, onde os europeus eram idolatrados, no Cinema Marginal a figura é outra. Cineastas americanos eram exaltados como os melhores, entre eles: Fuller, Welles e Hitchcock.

A estética do lixo era, segundo autores, “o estilo mais apropriado para um país do terceiro mundo, na medida em que possibilita a transformação das sobras de um sistema internacional dominado pelo monopólio capitalista do primeiro mundo”.

No Rio o principal nome foi de Júlio Bressane, figura central no marginal carioca que até os dias de hoje continua fazendo grandes filmes. Além de “O Anjo Nasceu”, fez “Barão Olavo”, “O Horrível”, “Crazy Love”, ‘Cuidado Madame”, “A Fada do Oriente”, “A Família do Barulho”, “Lágrima Pantera”, “Memórias de um Estrangulador de Loiras”, “O Rei do Baralho” e o pretensioso “Matou a Família e foi ao Cinema”, todos durante os anos de 1969/1973. Outro destaque carioca é Elyseu Visconti seus principais filmes são “Os Monstros de Babaloo” e “O Lobisomem, o Terror da Meia-Noite”.

Pôster de “A Herança”:


Pôster de “Matou a família e foi ao Cinema”:

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