Por Susana Marques (Editoria de Teatro)

Falar de teatro é mais que um laboratório de pesquisa, é uma viagem de emoções, reflexões, especialmente de 1968, este é de fato um balaio de histórias e muitas curiosidades.
Fatos, emoções, grandes revelações, mas, falar deste gênero é pesquisar sobre figuras que revolucionarão a época. Comecemos então a história e trajetória de um grande teatrólogo, ator; José Celso Martinez Corrêa.

Falar de teatro é mais que um laboratório de pesquisa, é uma viagem de emoções, reflexões, especialmente de 1968, este é de fato um balaio de histórias e muitas curiosidades.
Fatos, emoções, grandes revelações, mas, falar deste gênero é pesquisar sobre figuras que revolucionarão a época. Comecemos então a história e trajetória de um grande teatrólogo, ator; José Celso Martinez Corrêa.
José Celso Martinez Corrêa, nascido em Araraquara em 1937, Diretor, autor e ator. Destacou-se como encenador em 1960, muito inquieto, irreverente, líder do Teatro Oficina, uma das companhias mais conectadas do seu tempo. Encenou espetáculos considerados antológicos, tais como: Pequenos Burgueses, O Rei da Vela, e na Selva das Cidades. Nos anos 1970 vivência todas as experiências da contracultura, transformando-se em líder de uma comunidade teatral e das montagens de suas criações coletivas. Estudou na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, USP, e participou do centro acadêmico XI de Agosto, integrando o núcleo de estudantes que funda o Oficina, grupo de teatro amador, seus primeiros textos, Vento Forte para Papagaio Subir, 1958, e A Incubadeira, 1959, ambos autobiográficos, são montados pela equipe sob a direção de Amir Haddad.
Em 1968, num momento incendiário do teatro, e crítico dos embates entre a categoria e o regime, Zé Celso dirige Roda Viva, de Chico Buarque, no Rio de Janeiro, sua primeira experiência fora do Oficina. Tomando o ingênuo texto de Chico Buarque em torno da vida de um ídolo da canção popular que é manipulado pela imprensa e indústria fonográfica, o encenador utiliza um ritual raivoso e provocador, no qual os atores vãos à platéia incitá-la fisicamente. Considerada emblemática do “teatro agressivo” pelo crítico Anatol Rosenfeld, a montagem reflete um momento que o teatro assume um tom violento, de confronto, de cobrança de atitudes frente à situação sóciopolítico.Na mesma época, o Oficina já tinha levado outro sucesso aos palcos: Roda viva, primeira peça de Chico Buarque de Hollanda. O espetáculo marcava a radicalização das concepções cênicas de Zé Celso e criticava ferrenhamente a alienação da sociedade brasileira, através da destruição e da agressão dos mitos criados pela cultura de massas. A crítica começou a condenar a violência do espetáculo, porém a peça foi literalmente um "estouro" de bilheteria. Na noite de 18 de junho de 1968, em São Paulo, os atores do espetáculo foram agredidos pelas autoridades, que condenavam o seu "tom subversivo". Ao contrário do que todos imaginavam, o episódio ainda rendeu mais sucesso a Roda viva. No entanto, o episódio se repetiu na temporada de Porto Alegre e a censura finalmente decidiu censurar Roda viva e O rei da vela, em meados de 1968, desta vez, para nenhuma surpresa de todos.
Em junho de 1968, estreava nos palcos do Oficina O poder negro (do americano Leroy Jones), com a direção de Fernando Peixoto, colaborador e braço-direito de Zé Celso. A peça criticava o racismo e a violência das relações entre brancos e negros. A partir daquele momento, o Oficina passou a procurar um texto que retratasse o momento que eles atravessavam, em dezembro de 1968, Galileu Galilei, de Bertolt Brecht estreava nos palcos, com sucesso absoluto de público. A critica mais uma vez se dividiu.O espetáculo seguinte do grupo, Na selva das cidades (outro texto de Brecht), levado aos palcos em 1969, marcou uma encenação mais ligada ao método de Grotowski e uma crise interna do Oficina. Fernando Peixoto decidiu montar, no mesmo ano, Dom Juan (de Molière), com Gianfrancesco Guarnieri no papel-título. Durante a temporada, o Living Theatre (grupo teatral americano de vanguarda que era liderado por Julien Beck e Judith Malina) chegava ao Brasil para se apresentar através de um convite informal que Zé Celso e Renato Borghi tinha feito ao grupo. O contato entre o Living e o Oficina foi desastroso.
Biografia José Celso Martinez Corrêa (Araraquara SP 1937). Diretor, autor e ator. Destacado encenador da década de 60, inquieto e irreverente, líder do Teatro Oficina, uma das companhias mais conectadas com o seu tempo. Encena espetáculos considerados antológicos, tais como Pequenos Burgueses; O Rei da Vela; e Na Selva das Cidades. Nos anos 1970, vivencia todas as experiências da contracultura, transformando-se em líder de uma comunidade teatral e das montagens de suas criações coletivas. Estuda na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, USP, e participa do Centro Acadêmico XI de Agosto, integrando o núcleo de estudantes que funda o Oficina, grupo de teatro amador. Seus primeiros textos, Vento Forte para Papagaio Subir, 1958, e A Incubadeira, 1959, ambos autobiográficos, são montados pela equipe sob a direção de Amir Haddad. Para comemorar a presença de Jean-Paul Sartre no país, traduz e adapta, juntamente com Augusto Boal, líder do Teatro de Arena, o roteiro cinematográfico de A Engrenagem, encenado por Boal com o Teatro Oficina em 1960.Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Originalmente publicado na revista Vogue de janeiro de 2007. Ruy Castro, 14/01/2008
Um comentário:
Muito bom!
Cheguei aqui à procura de dados sobre o Zé Celso para compor um trabalho iterdisciplinar da escola (gramática, redação e literatura) e encontrei muito do que eu precisava.
Encantada com o seu blog e pretendo voltar mais vezes!
^^
Postar um comentário