segunda-feira, 12 de maio de 2008

Passeata dos 100 mil

Por Elizabeth Reis (Editoria de Política)

Foi um momento marcante para o país. Houve passeatas, e em uma delas, dos 100 mil não surtiu nenhum resultado concreto imediato.

Os estudantes do mundo inteiro, começando pela França, movidos pelas diversas causas, mas com uma insatisfação com os rumos da sociedade que marcariam toda uma geração.

A passeata prosseguiu o grito “abaixo a ditadura”, mantido desde o início pela multidão, foi substituído por outro, que se tornaria central nas manifestações que ainda viriam: “o povo organizado derruba a ditadura”.

Assim os estudantes convocavam nova passeata para 1º abril protestando contra o dia 31 março como data do golpe, preferindo o dia 1º abril, pois nesse dia que os militares ocuparam o poder.

Em 1968, nem tudo era luta aberta. Houve uma disputa política entre a ditadura e os estudantes, que não se dava nas ruas, mas através da mídia. Nesse parâmetro houve a tentativa de uma parte da Igreja Católica, de propor o diálogo entre estudantes e governo.

As lideranças estudantis reagiram de forma diversa aos acenos do bispo e do governo. Algumas negaram qualquer possibilidade de diálogo com a ditadura; outras, entre as quais a direção da União Metropolitana de Estudantes (UME), se dispunha a dialogar, embora duvidassem dos resultados práticos do eventual diálogo.

Se o Brasil não tivesse vencido a repressão de 1968, hoje em dia seria muito difícil outro desfecho, porque a linha dura já tinha vencido a disputa interna e o AI-5 só coroou a vitória.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Reações X Ditadura

Por Percy Rodrigues (Editoria de Política)

O ano de 1968 foi marcado por uma constante reação ‘as ameaças de ditadura mais duradoura. Desde o golpe militar de primeiro de abril de 1964, a sociedade como um todo, incluindo estudantes, artistas, políticos e intelectuais aguardavam angustiadamente solução democrática para o terrível clima político instaurado pelos militares. Assim, não foi surpresa, desde o início do ano, ocorrer uma série de reações ‘a ditadura.

Em 29 de março, houve um protesto de 50 mil pessoas no centro do Rio.

Em junho, uma multidão calculada em 100 mil pessoas realizou passeata durante mais de sete horas, reunindo mães, padres, estudantes, artistas e intelectuais protestando pela liberdade dos detidos pela polícia, pelo ensino superior gratuito e contra as fundações. Essa manifestação encontra-se narrada, em pormenores, por Zuenir Ventura, no livro 1968, O ano que não terminou, Editora Nova Fronteira, terceira edição, 1988, Rio de Janeiro.

Em 17 de abril, Costa e Silva determinou a transformação de todas as capitais dos estados do Brasil e mais 68 municípios em áreas de segurança nacional, surgindo a abominável figura de governadores e prefeitos biônicos.

Em 2 dois de outubro, estudantes da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP) entram em conflito ideológico com estudantes da Universidade Mackenzie, transformando-se em atos de violência, com muitos feridos. A USP é fechada e transferida para a Cidade Universitária pelos militares. No dia seguinte, o estudante José Guimarães, da USP, é morto no centro de São Paulo. O brigadeiro João Paulo Burnier, chefe de gabinete do ministro Marcio Melo, planejou explodir o gasômetro do Rio de Janeiro, com auxílio do Para-SAR, divisão de elite da Aeronáutica adestrada para salvamento em local de difícil acesso. O capitão-aviador Sergio Miranda de Carvalho negou-se a cumpri-la e ameaçou denunciar Burnier. Sergio foi declarado louco e afastado da Aeronáutica no ano seguinte.

Em 12 de outubro, realizou-se o Trigésimo Congresso da UNE, em Ibiúna, São Paulo. A polícia invadiu a reunião e prendeu 1240 estudantes. Muitos foram feridos, torturados, abusados sexualmente pelos policiais. Parentes e advogados que ousavam protestar eram espancados e humilhados publicamente.

Fonte: Wikipedia/Ventura/Zuenir, 1968, O ano que não terminou.

1968 no mundo

Por Ana Cláudia Soares e Mariana dos Santos Lopes (Editoria Mundo)

Um momentâneo período de liberdade na Tchecoslováquia
Reprodução Internet/ Blog do Navarro

A tentativa de redemocratização do socialismo na Tchecoslováquia e a conseqüente repressão ficaram conhecidas como a Primavera de Praga. Em busca de emancipação, jovens confrontaram-se contra o poder repressivo. A insatisfação com a centralização do poder econômico e com as restrições à liberdade de expressão, gera protestos estudantis que forçam a saída de Antonín Novotny, um verdadeiro stalinista, da presidência em janeiro de 1968. Seu sucessor Alexander Dubcek, um social democrata, logo ao assumir a chefia do Partido Comunista da Tchecoslováquia, inicia várias reformas, políticas liberais e estimula a parceria econômica com as nações capitalistas do Ocidente. Foi aplicado, desde janeiro até a véspera da invasão russa, novos modelos que condenavam tudo o que tinha sido feito no mundo comunista nos últimos vinte anos que antecederam 1968. Os liberais defendiam a descentralização da economia e o incentivo da produção através de estímulos ao operário, como prêmio em dinheiro e redução das horas de trabalho. Dubcek recebeu apoio dos estudantes, intelectuais e trabalhadores que, influenciados pelos acontecimentos de maio de 68 em Paris, promoveram então manifestações pelas ruas de Praga em nome do “Socialismo com face humana”, algo como uma sociedade democrática que proporcionasse o livre debate e a participação de todos em torno do Partido Comunista.

A partir dessa revolução, Dubcek rompeu com o governo da URSS, ou seja, se deslocou dos demais países, mas estes por temerem a saída dos Tchecos do Pacto de Varsóvia, têm a Tchecoslováquia como uma ameaça. Para os soviéticos, toda coexistência pacífica é excluída. Um socialismo assim traria bastantes riscos, já que Dubcek resistia passivamente às investidas dos russos. Os soviéticos, que lutavam pela “disciplina”, reprimindo revoltas internas e em oposição à “perversão ideológica”, com o objetivo de eliminar o movimento por reformas, juntamente com as tropas do Pacto de Varsóvia comandadas pelos russos, invadem o país em 21 de agosto de 1968. O líder tchecoslovaco Alexander Dubcek é obrigado a abandonar a suas reformas liberais. Destituído, é levado para Moscou. Mesmo com um número alto de invasores, Praga não queria se entregar ao regime comunista autoritário. Os estudantes mantiveram a resistência, porém, não foi o bastante para conter mais de seiscentos mil homens fortemente armados. A praça foi um símbolo do descontentamento, os soldados não toleraram e o combate veio implacável, com prisões, sangue e exilos.

Alemanha

  • Perspectivas revolucionárias

A revolta estudantil foi um acontecimento de grande valor em todos os lugares do mundo. Contudo, na Alemanha ocorreu um verdadeiro campo de sangue.

Em 1968 na Alemanha foi época de contestação de milhares de estudantes contra a autoridade da família, da universidade e do Estado.

O pretendido era a libertação ideológica da humanidade e, o ano de 1968 foi como um marco para um movimento a favor da contestação. A manifestação era em prol da liberdade de existência. Não houve reivindicações por luta de classes, muito menos entre operários e patrões, mas, por um modo “encarar” a vida.

O movimento estudantil ensejou fortes mobilizações que, centradas em Berlim, atingiram e convulsionaram todos os cantos da Alemanha Federal.

A iniciativa repercute quando o líder estudantil Rudi Dutshke, porta-voz da proposta de luta por uma “Universidade Crítica”, sofre uma tentativa de assassinato em 11 de abril de 1968.

Os estudantes impregnados pelas teorias da “Escola de Frankfurt” recebem o apoio de intelectuais progressistas e como os escritores Heinrich Böll, Günter Grass e de grandes jornais como Der Spigel e Die Zeit. Os anos de Guerra foram também, conseqüências de jovens que, no contexto da cultura esquerdista do vandalismo e da violência, entregaram-se à prática do terrorismo pelo prazer da aventura. Era uma luta a favor da libertação, mas o enfrentamento foi um ato imaturo.

A explicação ideológica daqueles complexos embates exige mergulho na mistificação, sobretudo porque se iniciaram os acontecimentos propiciados pela Banda Baader-Meinhof, (movimento armado, principal grupo guerrilheiro da Alemanha Federal) foi concluída com atos de sangue promovidos, não pelos terroristas derrotados, mas pelo Estado alemão vitorioso. Também devido ao epílogo dramático, a Fração do Exército Vermelho (RAF) assombra ainda a Alemanha, exigindo uma catarse histórica jamais realizada. Duramente as manifestações, na Alemanha Ocidental tiveram mais de 500 feridos entre policiais e civis.



Fontes de pesquisa:
Almanaque Abril 2007-História / Mundo
Revista Espaço Acadêmico nº 82- 3/2008
Veja nº 1-11/09/1968
Enciclopédia Barsa

O revés do Tropicalismo: um olhar mais demorado e com novo foco sobre o movimento que ressurgiu

Por Luana Assis (Editoria de Música)

Se antes tão incompreendido, foi apenas mais recentemente que talvez se possa dizer que o Tropicalismo foi melhor entendido e difundido, principalmente no exterior. É sabido que nossa arte costuma ser reconhecida primeiramente fora do Brasil para só depois lhe ser dado o devido valor aqui, infelizmente. Mas deixemos de lado tais aspectos negativos, pois, tendo isso acontecido com o movimento Tropicalista, o que de fato importa é que ele voltou à tona após sua descoberta tardia por artistas e críticos norte-americanos nos anos 90.

A verdade é que se faz fundamental lembrar que o movimento acabou mas sua estrutura permanece de pé. Ao contrário do passado – quando interpretado muitas vezes de forma errônea e não entendido por completo – apenas agora o Tropicalismo se difunde de forma intensa e homogênea, ganhando espaço em outros lugares do mundo. Digo isso porque, pesquisando a respeito, me ocorreu a idéia de citar uma exposição que aqui tivemos, com sede no MAM, em meados de agosto do ano passado, intitulada Tropicália – Uma Revolução na Cultura Brasileira e à qual tive a oportunidade de assistir. Achei pertinente observar que essa descoberta de um movimento de quase quatro décadas atrás se mostra mais atual que nunca, pois só agora começaram a ser assimilados em âmbito internacional seus conceitos e o quão complexos se revelam, o que prova sua contemporaneidade.

Uma prova da afirmação abordada no primeiro parágrafo é que essa foi a primeira exposição que se dedica à Tropicália como um momento cultural, envolvendo as áreas de arte, cinema, literatura, teatro, moda, música, entre outros. A música, como sempre com extremo destaque em tudo o que diz respeito ao movimento tropicalista, foi rememorada com artigos diversos, desde exemplares de variados LPs até trechos de shows de Gal Costa, Gilberto Gil, Tom Zé, Os Mutantes, Caetano Veloso, etc.

A exposição foi o primeiro passo a possibilitar uma melhor reflexão sobre a projeção internacional dos músicos tropicalistas, através da qual se pôde compreender o que mudou quando a Tropicália começou a ser reconhecida e cultuada no exterior. O ambiente internacional vem percebendo que existe produção de qualidade aqui e essa é uma mudança que vem acontecendo paulatinamente.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

As Olimpíadas de 1968 tiveram como protagonista a mulher

Por Fabianne Fernandes (Editoria de Esportes)


Em meios a problemas políticos e adequação de altitude de 2, 300 m acima do nível do mar, os jogos mexicanos foram movidos a um espetacular interesse mundial que atraíram a inscrição de 112 países, num total de 781 atletas do sexo feminino, sendo o maior numero até essa época. Este, grande motivo de orgulho para o sexo feminino, pois até o final da década de 80, era extremamente proibida a participação de mulheres nos jogos.

E a evolução feminina nos esportes não parou por aí. Um grande momento aconteceu quando a velocista mexicana, especialista nos 400m rasos, Norma Enriqueta Basilio, teve a incumbência de, na cerimônia de abertura dos jogos, levar a tocha olímpica, adentrar o estádio absolutamente lotado e fazer a honra de acender a pira com o fogo olímpico dos jogos de verão. Fato que a colocou na história como sendo a primeira mulher a realizar tal tarefa.

Outro destaque não só dos jogos olímpicos, mas do ano de 1968 nos esportes, foi a atleta Vera Caslavska. Uma ginasta da Tchecoslováquia que simplesmente brilhou e chegou a ser chamada de rainha dos jogos. Devido a problemas políticos em seu país, ela precisou fugir para as montanhas e treinou 3 semanas escondida nas florestas. Manteve a sua preparação se agarrando de árvore em árvore e praticando o exercício de solo em campos desabitados. De ultima hora, foi autorizada pelo governo a voar para o México e conquistou quatro medalhas de ouro e duas de prata. Tornou-se um ícone feminino no mundo todo.

Um novo mecanismo de segurança chamou atenção novamente para as mulheres, a introdução do teste de feminilidade, na comprovação de sexo para as provas femininas. Este novo método assegurou ainda mais o direito de igualdade, a mulher finalmente criou o seu espaço.

Todos esses fatos ficaram marcados na história da emancipação feminina nos esportes, as Olimpíadas de 1968 trouxeram grandes triunfos e a crença de que o sexo feminino iria ainda muito conquistar.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Sociedade e Cidadania - palestras e debates sobre 40 anos de 1968

*Dica da aluna Luisa Pitta*

Ciclo idealizado e coordenado por Luiz Carlos Fridman, Professor adjunto do Depto de Sociologia da Universidade Federal Fluminense - UFF e Doutor em Sociologia pelo IUPERJ. 19h. Grátis.
  • 14/5 - 68 de Todos os Sonhos - "Sejam razoáveis, peçam o impossível!", estava pichado nas paredes da Sorbonne em maio de 1968. Naqueles dias, tudo parecia possível: derrubar ditaduras e impérios, concretizar sonhos, revoltas, resistências e rebeldias. Que mundo surgiu de tudo aquilo? Com Carlos Vainer, Doutor em Desenvolvimento Econômico e Social pela Université de Paris I - Sorbonne, Professor Titular do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ.
  • 21/5 - 68 de Todos os Sons - Um panorama de um dos anos mais férteis na música de todo o mundo, da Tropicália, no Brasil, ao psicodelismo do rock, os festivais da canção, aqui, e os primeiros grandes festivais ao ar livre, pelo mundo afora. Um ano em que tudo se polarizou, tudo fermentou, tudo mudou para sempre. Com Ana Maria Bahiana, jornalista e escritora.
  • 28/5 - 68 e as Mutações na Arte - A reorganização geral das artes visuais não mais como encadeamento de ismos ou campos autônomos. No endurecimento da ditadura militar, a politização da arte se dá em seus próprios termos, numa reafirmação de sua esfera de liberdade e de poder crítico. Com Glória Ferreira, Doutora em História da Arte pela Sorbonne, crítica de arte e curadora independente.

As palestras acontecerão no Espaço Sesc
Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana
Telefone: 21 2547.0156

Automobilismo

Por Gustavo Pinheiro

Oficialmente este foi o ano de estréia das publicidades em carros de corrida, isto porque muitos pilotos já utilizavam este recurso, mas apenas em corridas esporádicas e apenas em 1968 que o patrocínio realmente apareceu nos bólidos. Foi considerado em termos de marketing essa data, pois foi neste ano que uma empresa patrocinou uma temporada inteira de um campeonato de automobilismo.

A primeira empresa a aproveitar a oportunidade que surgiu com a liberação de patrocínio independente do ramo de atuação pela FISA (atualmente FIA) foi a empresa de cigarros Gunston, com sede na antiga Rodésia, hoje Zimbábue, e com isto abriu o caminho com o patrocínio dos pilotos John Love e Sam Tingle no Campeonato sul-africano de 1968, aberto a carros de F1 e F5000. E não só para os tabagistas. Os carros destes pilotos tiveram as pinturas e logotipos da empresa estampados. Aconteceu no dia 1º de janeiro de 1968, valia pontos tanto para o Mundial como também representava ao mesmo tempo a 1ª etapa do campeonato nacional.

Apesar de não ter ainda a participação de pilotos brasileiros na Fórmula 1 neste período, tal medida foi de extrema importância para abrir um precedente e mudar o conceito de apoio que as empresas davam ao automobilismo. Nesta época talentos tupiniquins como Emerson Fittipaldi, Luiz Pereira Bueno e Ricardo Achcar já tentavam se aventurar na Europa e com essa medida foi possível buscar patrocinadores que os apoiassem nessa jornada. No Brasil, essa medida foi bem recebida, afinal modificou a maneira das empresas enxergarem o esporte e assim surgiram parcerias que alavancariam de vez o esporte no Brasil, que nesta época enfrentava uma crise por falta de apoio à categoria.

Abaixo podemos ver o primeiro carro a levar um patrocínio de verdade:




John Love, num Brabham patrocinado pela Gunston, que inclusive fazia parte do nome da equipe, em cores alaranjadas com uma faixa horizontal marrom e bordas douradas.